Sempre fui contra blogs. Para que serve esse negocinho em que as pessoas ficam escrevendo para nada, onde outras, que têm menos ainda o que fazer, vão lá comentar e inflar o ego do autor que, disputando com outros amigos blogueiros, quer ver seus numerinhos estre parênteses inchando desgovernadamente?
Hoje, contudo, um sentimento de inveja sobrepujou o meu preconceito. Entrei no blog da Érica e percebi o quanto ela está escrevendo bem. Postando quase uma vez por dia, é nítida a diferença entre os seus textos de três anos atrás, quando nos conhecemos.
Eu, bicho do mato, de escola pública, com um pé esquerdo nas ciências exatas, entrei para a faculdade de jornalismo sem saber escrever muito bem. Até que consigo enganar um pouco, às vezes, mas em três anos de faculdade nunca fiz um trabalho que me satisfizesse literariamente. Melhorei consideravelmente depois de dois anos dando aulas de redação, mas só a técnica. A estética continua cruazinha.
É por isso que começo este blog. Não sei se vou ter tempo, saco, ou inveja da Érica o suficiente para manter um blog ativo e alimentado por tantos anos como o dela. Mas a forma como a danadinha anda se virando bem com as palavras me estimula, e muito.
Por enquanto, não vou espalhar pra ninguém. Quem sabe quando ele estiver mais gordinho, já sanado das tosqueiras literárias de um velho principiante, alguém o encontre e goste. Vamuvê.
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2 comentários:
(Só pra ver como ficam os comentários).
Acabei de falar mal de quem escreve, e pior ainda de quem comenta. E eu aqui, escrevendo e comentando o meu próprio texto.
"Eu prefiro ser
essa metamorfose ambulante..."
Caro Biê,
Não sei se agi certo em ler os textos do seu blog (já que, ao final, descobri ser ainda secreto), mas nesse domingo ensolarado em que eu buscava algo de interessante para ler no computador do Delcy, tê-los encontrado foi um bálsamo.
Fiquei feliz. Fiquei muito feliz com o que vi. Acho que sobrinhos são mesmo versões melhoradas dos tios... O fato de você manter um blog, repleto de textos inteligentes e saborosos, fez com que eu me envergonhasse de nunca ter realizado o sonho de escrever crônicas - ainda que para mim mesmo.
Gostei especialmente daquele que versa sobre as memórias do olfato e agradou-me muito as considerações sobre a culpa cabível aos esquecidos. Estas idéias são argumentos valiosos para textos memoráveis - e você,ao desenvolvê-las, está no caminho certo.
Só não entendi o porquê você insiste em dizer que escreve mal. Escrever é simples: comece pelo começo, vá até o fim e então pare. Daí volte cortando palavras. (Drummond)
Está ótimo !
Abração satisfeito
Teu tio
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