domingo, 31 de janeiro de 2010

A diferença entre a esposa e a namorada

Alguns amigos querem me corrigir quando chamo a minha esposa, Mariana, de namorada. Alegam que sou casado, e que essa troca de palavras faz dar a impressão de que quero esconder a união em cartório.

A verdade é que esse foi um trato que fiz com a Mari antes de obtermos a tal certidão de casamento – um documento que serve apenas para garantir a comunhão do convênio médico.

Combinamos que, mesmo casados, continuaríamos nos chamando de namorados. Isso porque gostaríamos de nos namorarmos sempre, ainda que estivéssemos juntos de papel passado – fato que não costuma ocorrer em grande parte dos casamentos.

Assim, chamá-la de namorada não significa ter saudades dos tempos de solteiro. Pelo contrário. Significa continuarmos nos amando como sempre, independentemente de um pedaço de papel que diz pouco sobre sentimentos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A crase poética de dar à luz

Hoje escrevi uma matéria sobre o raro nascimento de um peixe-boi em cativeiro e quis usar a expressão “dar à luz”. Fiquei em dúvida se a crase era necessária, e percebi que a expressão tinha significado com ou sem acento grave.

Se a mulher dá a luz a um bebê, sem crase, ela ilumina o rebento. Tira a criança do escuro de seu útero e lhe mostra a claridade do mundo.

Se a mulher dá à luz um bebê (esta, a expressão correta), quem recebe a criança é a luz. É como se o universo – o mundo, o sol, as estrelas – ganhasse um novo membro.

Muito mais poética a segunda opção, não? E para quem acha que isso não faz o menor sentido, saiba que os gênios da Disney usaram a força dessa ideia em uma das cenas mais inesquecíveis de suas animações: o nascimento do pequeno Simba, o Rei Leão.